sexta-feira, dezembro 16, 2005


SIRENE de chamar doido MODE OVER ON

Round 1

Ontem, num ponto de ônibus qualquer de S. Paulo, às 18:30, indo sentido bairro - o que quer dizer que todos os ônibus para aquele lado estavam cheios.

- Eu não vou pegar ônibus. Muito cheio, muita gente em volta - disse eu.
- Ah, podemos pegar um taxi...
- Isso, vamos de taxi (já subindo no ônibus), eu não quero ir no ônibus não. Muitas pessoas, eu detesto pessoas! - falando em alto e bom som mas, logicamente, em tom de brincadeira.

Uma mulher duns 20 e poucos anos, que nunca vi na vida e que estava na nossa frente, vira-se e diz, rindo:
- Ah, você odeia pessoas? Acho que está na cidade errada então.
- Não não, você não entendeu. Eu não estou na cidade errada, estou no MUNDO errado.

Sei lá porque diabos depois deste comentário a menina começou a contar a vida toda dela. Desembestou a falar e só era interrompida por "ahams", "é mesmo?" e "puxas" que eu e a moça ao qual acompanhava falávamos por vezes, tentando imaginar como sair daquela situação. A mulher disse que era mimada quando era pequena, que depois foi morar com a mãe que batia nela, que já tinha sido clubber, gótica e hoje curte forró (..!), que teve um namorado que acreditava que ela não gostava dele porque ela não queria dar para o cara, que desmanchou com este fulano e saiu decidida a ter um filho e amigou-se com um outro fulano, que sei lá porque diabos foi morar na Venezuela e no Chile onde trabalhava de modelo (não me pergunte modelo do que, não quis forçar a imaginação neste momento) e que agora mora sozinha e...

Bom, foi nessa parte que chegou nosso ponto de ônibus e descemos, mais ou menos 12 minutos após ter embarcado no mesmo. Das vezes que me pararam para contar a própria vida, acho que em relação a tempo de conversa, pegar intimidade (eu acho que não é muito comum mulheres contarem para estranhos ainda mais acompanhados que não transavam com seus ex e cousas assim), e contar a história toda, sem dúvida alguma esta foi o mais novo recorde.

Além de ser uma das mais chatas, diga-se de passagem.

Round 2

Chegamos no barzinho ao qual nos dirigíamos, encontramos um amigo meu, e pegamos uma mesa. Após algum tempo lá dentro surge um senhor completamente bêbado, mal conseguindo falar. Foi até o balcão, onde tentou, sem sucesso, dizer algo ao atendente. Voltou em direção à porta e fixou o olhar na minha mesa e, como de praxe, sem nem mesmo pestanejar, veio direto na minha direção com a mão estendida para cumprimentar. Cumprimentei o sujeito diplomaticamente, ele olhou para a minha moça, fez um gesto com a mão dando uma risada safada como quem diz "aaah muleque, tá pegando, hein?" e foi tentar estabelecer contato novamente com alguém no balcão.

Pouco depois ele volta com cara de quem fracassou e dirigindo-se a saída. Antes, cumprimentou-me novamente, enfiou a cabeça entre os meus ombros e os dela, abraçou, deu um beijo na cabeça de cada um (!!!!) disse algo do gênero "ceis são gente boa", foi pra porta, fez de novo o gesto de "aaah muleque, tá pegando, hein?" e saiu do bar um tanto sem rumo.



...Porquê eu? Porquê?!


posted by D. Vespa




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Plástico bolha é a verdade, a luz e e caminho.