quinta-feira, março 23, 2006
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Momento Obscuro de Reflexão |
Hoje, durante uma discussão sobre o direito que os usuários de banda larga possuem de compartilhar sua conexão com outros computadores da sua própria residência, das residências vizinhas ou até com um condomínio inteiro, me surgiu na mente um assunto hoje não tão polêmico, mas bem mais antigo. O direito ao aborto.
Não que uma coisa tenha relação com a outra. Talvez seja a tal da "segunda mente" que o escritor Paulo Coelho fala no seu livro (não lembro em qual)... algo está sempre reverberando numa área reservada do nosso cérebro - seja uma música, um tema, um assunto, uma poesia - até que este algo vem a tona por algum tipo de fator.
Segundo os escritos do imortal, não temos nenhum tipo de controle nativo sobre a segunda mente. Este vem apenas com exercícios de meditação - que é o método pelo qual os bichos-grilos copulam com suas próprias mentes.
Mas voltando... aborto.
Não que eu tenha alguma propriedade para falar, pensar ou até mesmo formular uma opinião sobre o assunto. Nenhum homem o tem.
Para nós, o que chamam de milagre da vida é apenas uma passagem de "Alien, O 8º Passageiro".
O fato é que sempre defendi o direito das mulheres de fazê-lo, seja por qual motivo for.
Não que esse tipo de medida deva ser tomada de modo solitário, mas sim em conjunto com medidas sérias no sentido de educação para o planejamento familiar do populacho, da distribuição livre de anticoncepcionais (camisinhas, pílulas e fotos do Enéas nú em pêlo em cima de uma cama rosa) e de controle rigoroso sobre as clínicas que fizessem tal tipo de intervenção.
A mulher tem o direito de ser a senhora absoluta sobre seu próprio corpo e, se ela não deseja abrigar e parir um rebento, mesmo que o tal já se encontre em corpo presente, que assim não o seja.
Mas, por motivos diversos, comecei a ver a situação não de outro prisma mas, acredito, de modo mais amplo.
Se a mulher tem o direito de interromper a vida de um feto em prol de sua liberdade e bem-estar, também não teria o direito de interromper a vida de um filho recém-nascido, ou até mesmo não tão recentemente concebido? E, como podemos acompanhar nos meios de comunicação, não é exatamente isso que algumas mães têm feito, recentemente?
Seguindo a lógica do protagonista do filme carioca "Matou a Família e Foi ao Cinema", é bizarramente coerente remover do seu caminho aqueles que estão no seu caminho sem motivo lógico para tal.
"Minha família não queria que eu viajasse para Londres, e não me deram nenhum motivo para isso. Então, eu os matei." - falava o personagem de um outro filme parecido com o citado acima, numa versão européia, e baseada em fatos reais. Não me lembro do nome agora, nem se era mesmo européia, e até se era mesmo baseada em fatos reais.
Se uma mãe decide que seu rebento atrapalha ou poderá atrapalhar sua carreira, seu relacionamento amoroso ou sua vida, de um modo geral, não tem ela o direito de tirá-lo do seu caminho? E, ciente de seus deveres sociais, não querendo que o seu problema se torne o problema de outro, não pode ela chegar à linha de pensamento que prega que a entrega do seu filho para algum mecanismo de adoção não é uma opção socialmente aceitável? Afinal, foi dela a responsabilidade da concepção do bebê, é dela a responsabilidade pela sua sobrevida, então deve ser dela a responsabilidade pelo seu término.
Lógica absurda, eu sei.
Mas enfim, são apenas alguns assuntos que precisarão da minha plena ponderação quanto eu me tornar o mestre absoluto de todo o Universo.
posted by Pinguim
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Plástico bolha é a verdade, a luz e e caminho.