sábado, julho 01, 2006


Inter-relacionando-se

Alguns anos atrás, recebi por e-mail uma história, com o título "A Fábula dos Porcos Assados".

Não encontrei o texto original na internet - talvez por não tê-lo procurado.
Mas, contando com o perdão dos leitores para a versão tosca, transcrevo mais ou menos o que me lembro...

Muito tempo atrás, houve um incêndio em uma floresta.
Alguns porcos que se encontravam nessa floresta acabaram por ser assados pelas labaredas. Estes animais, que até então forneciam carne crua para a alimentação dos moradores locais, passaram a fornecer - e quero acreditar que de bom grado - carne assada para tal fim.

Então, sempre que os sujeitos queriam comer carne assada, separavam um pedaço da floresta, soltavam alguns porcos nela e botavam fogo, preservando o método original da descoberta.

Com o passar do tempo, o processo foi ficando mais refinado... cargos foram criados e responsabilidades foram sendo distribuídas, no intuito de maximizar a quantidade de carne que podia ser assada por hectare de floresta queimado.
Havia o especialista em metereologia, que escolhia o dia certo para atear fogo na floresta, com base na velocidade e direção do vento; o especialista em criação de suínos, que disciplinava os porcos para que permanecessem no trecho disposto para a queimada; o especialista em botânica, que escolhia o melhor agrupamento de árvores a ter fogo ateado em seus troncos; etc.

Os erros apresentados pelo sistema eram discutidos em congressos, seminários e convenções.
Cada vez que algo saia errado, cada profissional de sua área jogava a culpa para os de qualquer outra área.
Discutiam modos de melhorar o sistema da queimada, que ficava cada vez mais complexo, com mais especialistas e mais etapas a serem verificadas e realizadas, no mesmo intuito de sempre: o de ter carne assada para consumo.

Até que em uma das convenções, um Fulano de Tal pediu a palavra.
Explicou que, para se assar a carne do porco, não seria necessária tanta engenharia e complexidade... bastava matar os porcos, juntar lenha - não mais lenha do que havia de porcos a serem assados - em um determinado local, atear fogo e colocar os porcos sobre a madeira em chamas, em espetos de ferro. A medida que a lenha queimasse, era só ir adicionando mais, até que os porcos ficassem no ponto certo para consumo.

O Fulano de Tal foi severamente repreendido pelos seus pares.

Quem ele pensava que era para sugerir irem de encontro a um sistema que estava sendo adaptado e melhorado a tantas gerações? Ele havia se prostado tanto quanto os diversos especialistas nos estudos de melhoria da queimada da floresta? Com certeza que não.
E mesmo que ele estivesse certo em suas teorias - o que era muito improvável - o que seria de todos os profissionais que ganhavam a vida no processo de treinamento de porcos, de estudo do tempo, do plantio de novas florestas e da consequente queimada das mesmas? Todos perderiam seus empregos, e teriam que procurar alguma outra coisa para fazer.






Há mais ou menos 10 dias, terminei de ler o livro "1984", de George Orwell (que só a pouco descobri ser um pseudônimo do escritor Eric Arthur Blair).
Comprei em um sebo bem vagabundo, na região do Tucuruvi. A edição está caindo aos pedaços, e tem um monte de anotações do último dono feitas a caneta Bic.
Anotações que não têm nada a ver com o próprio livro. Acredito serem de algum curso de contabilidade.
Não entendo o que contadores têm contra papéis em branco...

Uma das passagens do livro fala a respeito da metodologia para se manter o operariado sempre ocupado em fabricar alguma coisa, uma vez que o maquinário tecnológico automatizado já tenha tomado conta da maior parte da produção de bens consumíveis e prioritariamente necessários para a sobrevida da população.

O livro cita a guerra constante como sendo o melhor método.
Fabrica-se e se destrói em seguida. Assim, sempre é necessário a fabricação de mais dispositivos bélicos, que serão destruídos ou descartados logo em seguida, gerando em um ciclo de construção e destruição perpétuo - contanto que a guerra seja perpétua.






Durante a semana, assisti a um filme chamado "The Dukes of Hazzard" - traduzido por aqui como "Os Gatões, Uma Nova Balada".
Peguei emprestado de um amigo, que há tempos começou a copiar DVD's e guardá-los - hoje tem tantos títulos na estante que ao invés de ir para a locadora, vou para a casa dele.
Diversão despretensiosa. Recomendo.

Dois atores e uma atriz protagonizam o filme.
Um dele, o líder da trupe do JackAss (que passava na MTV até bem pouco tempo atrás).
O outro, protagonizou a sequência de filmes "American Pie".
A terceira, modelo (acho), Jessica Simpson - que acredito não ser parente nem do O.J. Simpson, e muito menos do Homer Simpson.

Dona de um corpo deveras escultural, faz praticamente pequenas participações especiais no filme.
Acredito que a agenda das gostosas de tal naipe é bem ocupada...

Como sempre faço com todo DVD, dou uma bisbilhotada pela seção de Bônus, para ver se acho algo que valha a pena ser visto.
E lá encontrei um Making Of de 8 minutos, exclusivamente sobre a confecção do minúsculo short que a atriz usava no filme.
Duas profissionais, uma delas estilista (não lembro a profissão da outra), passaram mais ou menos 4 dias até encontrarem o corte adequado, na altura adequada, para a calça jeans adequada, com o desfiar adequado, etc.

Obs.: eu não lembro qual era a cor do short que ela usou - mas acho que sou capaz de apontar a cor das pernas dela, na escala RGB.






Há uns 15 anos atrás, enquanto estava na casa de um colega fazendo um trabalho escolar, encontramos alguns exemplares da antiga revista Animal ao fuçarmos no quarto dos pais dele em busca de algo que eu sinceramente não me lembro. Pedi emprestado 2 ou 3 delas, para ler em casa.

Com uma única exceção, não me lembro de nenhuma das histórias das revistas.

A história que ficou marcada falava sobre um viajante que havia se perdido em uma terra distante, cheia de névoa e precipícios.
Caminhando de modo errante, após uma névoa densa, o viajante se deparou com um convento católico construído na encosta de um dos precipícios da região.
Ali, entre as irmãs, procurou abrigo e alimento.

Foi bem recebido, bem alimentado... e bem comido.
Entre trechos realmente muito bonitos de poesia por parte do narrador da história, as freiras protagonizavam sessões explícitas de somodia, sexo oral e lésbico, ora com a participação do viajante perdido, ora sem ele.

A história termina com o viajante sendo expulso do convento - e da terra distante - por questionar a fé das religiosas.

Acredito que a história me marcou por que, nos anos que vieram após sua leitura, jamais encontrei tal dose de sacanagem tão bem escrita.






Não sei se mais alguém, além de mim, verá relação entre os três primeiros trechos desse post.

Só peço que, caso alguém veja relação entre qualquer um dos três primeiros trechos e este último (ou penúltimo), que me diga... simplesmente me lembrei disso enquanto escrevia estas linhas, e admito que uma coisa não tem nada a ver com as outras.


posted by Pinguim




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Plástico bolha é a verdade, a luz e e caminho.